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É essencial investir no conhecimento sobre Oceanos e Espaço e desenvolver novas políticas que promovam sustentabilidade. Eis as conclusões da GIS 2022

É essencial investir no conhecimento sobre Oceanos e Espaço e desenvolver novas políticas que promovam sustentabilidade. Eis as conclusões da GIS 2022
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Empresas de mais de 90 países, 140 speakers e mais de 1700 registados para assistir às sessões: no rescaldo da Global Innovation Summit 2022, que decorreu na última semana, no Estoril, fica patente que a presidência portuguesa da rede Eureka tem permitido cimentar o potencial desta que é maior rede intergovernamental dedicada à cooperação e à captação de financiamento para projetos de inovação por todo o mundo
Entre as várias sessões e debates que decorreram durante a GIS 2022 (22 e 23 de junho de 2022) evidenciam-se as várias áreas que têm sido impulsionadas através de projetos de inovação que resultam da colaboração entre vários países, através da rede Eureka. A preservação dos oceanos, o potencial da ciência aeroespacial e a reformulação das políticas para um futuro mais sustentável foram dos temas mais destacados ao longo do evento. Conheça algumas das conclusões:

FacePrint vence prémio “Melhor projeto português”

No primeiro dia do evento, José Manuel Mendonça, Chairman of the Board do INESC TEC, subiu ao palco principal para entregar os prémios aos melhores projetos de inovação a ser desenvolvidos ao longo dos países que compõem a rede. Os projetos envolvem inovações para áreas que vão desde a saúde à sustentabilidade.

O Faceprint, da URoboptics, foi considerado o “Melhor projeto português”. Este projeto promove a impressão 3D de baixo custo de próteses. Na categoria “Melhor inovação em produto ou serviço” venceu o NDI Canada. Na categoria “Melhor inovação em sustentabilidade” venceu o projeto Spear, a ser desenvolvido na Alemanha, com a colaboração de outros 4 países europeus. Na categoria “Melhor Inovação Temática (sistemas de observação espaço-oceano-terra)” foi distinguido o projeto Quantum SG, da Coreia do Sul. Por fim, o projeto SeeO2, do Canadá, venceu a categoria “Mulher na liderança”.

Proteger a biodiversidade dos oceanos

Durante a sessão “Spotlight Canada”, Iain Stewart, Eureka Canada High Level Representative e membro do National Research Council do Canadá, lembrou os projetos que o país tem implementado, com a colaboração da rede Eureka, no que diz respeito à preservação dos Oceanos. “Os projetos de inovação desenvolvidos no Canadá envolvem aumentar a conectividade, preservar e desenvolver soluções para a vida aquática”, referiu. “O Canadá conta com uma costa marítima de cerca de 250.000 km, envolvendo três oceanos, e uma história ligada ao mar”. Neste sentido, “os projetos de conservação da área marítima e biodiversidade têm sido um compromisso do governo canadiano e, com a participação da rede Eureka, estamos a interligar países, universidades e empresas de vários países para desenvolver soluções inovadoras para os problemas relacionados com a costa marítima”, constatou.

No âmbito da sessão “Dynamization of the SEA Clusters of the State of Rio de Janeiro (RJ) - A Blue Economy Strategy” foi recordado o Memorando de Entendimento para colaboração entre a rede Eureka e o Rio de Janeiro. Dulce Ângela Arouca Procópio de Carvalho, Advisor to the Administration Federation of Commerce of the State of Rio de Janeiro (FECOMERCIO), fez referência à importância de proteger o mar para garantir alimentação para a crescente população mundial, “uma vez que no futuro, os solos não serão suficientes para garantir comida para todas as pessoas”.

Na sessão “Climate Change and the Threat to Ocean Industries”, Rita Sousa, Partner da Faber Ocean/Climate Tech, recordou que “o desenvolvimento científico e tecnológico com recursos vindos do oceano tem resultado em aplicações para as mais vastas áreas, como a cosmética, a farmacêutica ou a alimentar”.

Ainda na temática dos oceanos, Joana Balsemão, Vereadora no Município de Cascais, onde é responsável pelas políticas de Ambiente, Descarbonização e Cidadania e Participação, destacou durante a sessão “Building a Network of Sustainable Coastal Cities - Challenges and Initiatives” que o PIB do Município de Cascais associado às atividades do mar “tem vindo a crescer nos últimos anos”, salientando a importância da descentralização do poder para esta dinâmica. “Os Governos locais trazem maior agilidade na tomada de decisões, permitem contornar burocracia e têm uma maior familiaridade e conhecimento das condições e população locais”. A responsável lembrou ainda que as alterações climáticas representam uma “oportunidade para fazer um upgrade nas infraestruturas”.

No mesmo painel, Ana Larronda, do Subsecretarido de Recursos Hídricos e Sustentabilidade e Secretária do Estado do Rio de Janeiro (Brasil) para o Meio Ambiente e Sustentabilidade, afirmou que “um dos maiores problemas que esta área encontra é o de governance e a criação de uma rede internacional para gerar mais conhecimento”. Endereçando as alterações climáticas, a responsável constatou ainda que a necessidade de investir em “uma maior consciência das instituições do Rio de Janeiro para as alterações climáticas”, sendo que, neste sentido, “a educação é a chave para resolver problemas ligados com a costa marítima e com a poluição, por exemplo”.

“Temos melhores mapas de Marte do que do fundo dos oceanos”

Além dos trabalhos realizados em prol da preservação dos oceanos, as colaborações aeroespaciais estiveram também em destaque no GIS 2022. Na sessão “The Making of a New Space Economy - Collaborative Astropolitics”, Ricardo Conde, Presidente da Agência Espacial Portuguesa sublinhou que “a militarização do Espaço pode levar a humanidade por caminhos que não queremos ir”, centrando-se na importância de investir na “habilidade de recolher e utilizar os dados recolhidos a partir do Espaço” - o que pode ser “uma das maiores forças” para um futuro mais sustentável. “Temos tanta informação no Espaço e a colaboração entre vários parceiros é essencial para aproveitarmos esse potencial com diversidade”, concluiu.

A Keynote Speaker Dava Newman, Director at Media Lab, Apollo Professor of Astronautics and Aeronautics, MIT, ressaltou, durante a sessão “Space and AI: Sustainable Space for a Sustainable Earth” que os dados que recolhemos do Espaço permitem “antecipar e prever como podemos atuar relativamente a inundações, incêndios e outros desastres naturais que serão cada vez mais frequentes, devido às alterações climáticas”. Numa sessão em que deu a entender como o som das ondas do mar, entre outros, se ouvem a partir de Marte, a responsável destacou ainda a importância de investir em “saúde mental digital” à medida que “caminhamos para uma maior integração cerebral entre homem e máquina”.

No debate “The Future is Ocean”, Ricardo Serrão Santos, Cientista Principal e Professor na Universidade dos Açores e antigo Ministro do Mar do Governo português, chamou a atenção para o facto de atualmente haver, “literalmente, melhores mapas de Marte do que do fundo do mar”, insistindo na importância de investir em soluções digitais para extrair mais informação sobre o fundo dos oceanos. “Temos imenso CO2 no fundo dos oceanos, por exemplo. O potencial para resolver problemas que enfrentamos atualmente - e que se vão agravar no futuro - é enorme”, lembrou.

“Sistemas político e fiscal não beneficiam inovações sustentáveis”

A mudança legislativa também foi um dos pontos que mais marcaram os debates ao longo da GIS 2022. Neste sentido, na sessão “Ending the Waste Age”, Lindsey Wuisan, fundadora Circular Economy Portugal, destacou a necessidade de “desenhar centros de negócios mais sustentáveis, não pensando apenas na produtividade” e de “repensar o sistemas fiscal”, a fim de “reduzir impostos sobre o trabalho e aumentar sobre os recursos”. Wuisan reconheceu ainda que “os sistemas fiscal e político das sociedades modernas são “pouco amigáveis para a proliferação das inovações sustentáveis”, uma vez que estas são, “muitas das vezes, locais e pouco escaláveis - que não é atrativo para investidores”. A responsável deixou ainda a crítica: “a ideia de ir além do PIB para medir crescimento e prosperidade não é ainda aceite pelos nossos Governos”.

Numa das últimas sessões do evento, a “Fireside chat: Creative Industries driving sustainable innovation forward: the case of fashion”, Lisa Lang, EU Affairs Director e Policy Orchestrator incentivou ao “lobby” de associações e empresas para tornar as políticas mais favoráveis para que a indústria de moda - uma das mais poluentes do mundo - se reinvente, em prol da sustentabilidade. Lisa Lang referiu o movimento “Made in Europe”, que pretende “trazer a produção de roupa de volta para a Europa, depois de esta ter sido deslocada, ao longo das últimas décadas, para outros países” onde a mão-de-obra é mais barata. “Em tempos, a produção em massa era o fator que mais importava, mas atualmente a pegada ecológica está no centro das decisões e a indústria de moda deve mostrar essa preocupação. Precisamos, por isso, de políticas que incentivem este caminho”, conclui.

Programa INNOWWIDE vai focar-se em África

Na GIS 2022, concretamente durante a Ministerial Meeting (reunião que juntou Ministros, Secretários de Estado e Embaixadores dos países que compõem a rede Eureka), foi assinado um Memorando de Entendimento que determina o investimento de 2 mil milhões de euros na denominada “Partnership on Innovative SME within the European Union’s Horizon Europe Framework Programme for Research and Innovation”. O investimento, realizado por 37 países, Comissão Europeia e indústria, permitirá o financiamento de projetos, através dos programas Eurostars e do Innowwide e de atividades de investigação, desenvolvimento e inovação, assim como da exploração de mercados.

Durante o encontro global, ficou clara que, numa primeira ronda, o pograma INNOWWIDE vai procurar sobretudo investir em projetos de PME africanas. Neste sentido, Sara Medina, membro do conselho de administração da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI), reforçou, durante a sessão “Accelerating Eureka Cooperation with Africa through INNOWWIDE Evolution” que este programa vai procurar “identificar de que forma as empresas europeias conseguem introduzir os seus projetos em países subdesenvolvidos, explorando, em colaboração com empresas locais, as condições das várias regiões”.

Toto Matshediso, Deputy Director, Strategic Partnership e Eureka National Project Coordinator (NPC) para a África do Sul, observou, durante a mesma sessão, que a “África do Sul é o único país africano associado da rede Eureka. A sua participação iniciou em 2014 e desde então tem havido muito progresso”. Além de financiamento, “o programa INNOWWIDE tem proporcionado desenvolvimento humano e técnico, sendo um ótimo veículo para inovação no país”, destacou.

Eureka amplia potencial panregional com presidência portuguesa

“A Eureka não é mais um grupo de países europeus com alguns amigos de fora. A Eureka é a partir de agora uma plataforma global”, concluiu Miguel Belo, Chairperson e CEO da presidência portuguesa da rede Eureka e do AIR Centre, na sessão de encerramento da GIS 2022, que ficou marcada, também, pela aprovação do acordo que altera as regras da rede Eureka, a fim de permitir a entrada de países de fora da Europa, enquanto membros de pleno direito. Neste sentido, o Canadá e a Coreia do Sul, que têm sido parceiros da rede Eureka na última década, foram os primeiros países a beneficiar do novo acordo, que marca um ponto de viragem para a rede Eureka.

A Coreia do Sul foi o primeiro país associar-se à rede Eureka enquanto parceiro há mais de dez anos e desde então já desenvolveu cerca de 70 projetos de inovação no âmbito da rede. O Canadá associou-se à rede em 2012 e tem sido um forte aliado na implementação de projetos de tecnologia verde, com foco sobretudo nos oceanos.

Reconhecendo todo o valor acrescentado que a presidência portuguesa permitiu gerar para a Eureka, os 45 países pertencentes à rede aprovaram o prolongamento da presidência portuguesa até final do ano. Portugal é um dos membros que fundaram a rede Eureka em 1985, através de um acordo com a Comissão Europeia, sendo esta a terceira vez que assume a presidência. Desde a sua criação, a rede Eureka já apoiou com 40 mil milhões de euros, 50 mil pequenas e médias empresas, instituições de ensino superior e centros de investigação, num total de 7 mil projetos de investigação e desenvolvimento.
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